Se você tem fé em um Deus que é amor,justiça e verdade, será que esse deus quer ver o povo que nele crer sofrendo injustiças,sem liberdade e sem amor?

Como forma de celebração pelo dia do Padre, comemorado no dia 4 de agosto, o setor de comunicação da Ação Social Arquidiocesana de Salvador realizou uma entrevista com o Presidente da instituição, Pároco Padre José Carlos Santos Silva. Apesar de ter assumido o cargo executivo da instituição em Abril deste ano, Padre Zé, como é carinhosamente conhecido, é um dos fundadores da ASA. Com mais de 40 anos de sacerdócio, é atualmente responsável pela Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe,situada na região de São Caetano, em Salvador.

Foi durante a sua infância, exercendo a função de Coroinha na cidade de Santo Amaro, região do Recôncavo Baiano, que o jovem José Carlos percebeu o primeiro sinal da sua missão de vida.”Um dia cheguei na igreja,fiquei olhando para a imagem de nossa senhora, eu senti que ela me olhava de um modo especial.Foi a partir desse momento que comecei a pensar no significado de ser padre.”, relembrou. 

Atuante em diversos movimentos políticos apartidários, que visam a construção de uma sociedade mais justa, a exemplo do Grito dos Excluídos e Excluídas e o Conselho Municipal do Idoso, o Pároco observa a atual situação do  Brasil e é categórico em dizer: Fé e política se completam. “ Se a gente quiser que a fé seja genuína, ela precisa dar respostas à realidade. Será que Deus está satisfeito com o Brasil voltar ao mapa da fome? Será que Deus está satisfeito com a quantidade de feminicídios que vem acontecendo a todo tempo? Será que Deus está satisfeito com o processo de exclusão de pessoas por conta da sua cor de pele,orientação sexual e condição social e financeira?”, questiona.

Confira na íntegra a entrevista de Padre José Carlos Santos Silva

 

Ação Social Arquidiocesana-Como foi que o senhor compreendeu a vocação religiosa?

Padre José Carlos-  Eu era coroinha em Santo Amaro e participava das festas de Nossa Senhora da Purificação. Um dia cheguei na igreja e olhando a imagem de Nossa Senhora, senti que ela me olhava de um modo especial. Logo depois, na escola onde eu estudava, a professora fez uma enquete para saber qual a vocação de cada aluno,e eu escrevi no papel que queria ser Padre. Conversei com alguns padres que conhecia e então me dei conta que era exatamente isso que eu queria. Orações e a busca pelo autoconhecimento foram importantes nesse processo. Em março de 1970 entrei para o seminário e no dia  2 de julho de 1980 me tornei Padre. No dia da minha ordenação, diante de Nossa senhora, eu sentia que Deus estava me escolhendo para uma missão especial e aqui estou há 41 anos.

ASA-Quais foram os maiores desafios durante essas quatro décadas de sacerdócio?

Pe José Carlos- Acredito que o grande desafio da vida de um Padre é a cada dia dizer sim a Deus, dentro de um contexto de vida pessoal,com algumas  limitações, fracassos e diante da situação do povo que carece de justiça, amor,solidariedade e dignidade.Chamo atenção também que  a própria implantação da ASA ,das Pastorais Sociais e a execução dos trabalhos desenvolvidos em prol dos deserdados e excluídos, as vezes, é um desafio que a gente enfrenta dentro da própria Igreja. Até Jesus Cristo sofreu por está do lado dos pobres e querer o melhor para todos.

ASA-O Brasil está passando por um período político difícil que está reverberando em outras áreas da nossa sociedade. Para o senhor, fé e política se misturam?

Pe José Carlos- Se estivermos desatentos, iremos pensar que são antagônicos. Mas, se você tem fé em um Deus que é amor,justiça e verdade, será que esse deus quer ver o povo que nele crer sofrendo injustiças,sem liberdade e sem amor? Será que Deus quer que fiquemos calados passando fome? Será que Deus quer que fiquemos quietos assistindo a nossa liberdade ser cerceada? Será que ele quer pessoas livres ou submissas? Pessoas que tenham consciência da sua verdadeira dignidade ou pessoas que submetem-se a qualquer tipo de regime? Será que Deus está satisfeito com o Brasil voltar ao mapa da fome? Será que Deus está satisfeito com a quantidade de feminicídios que vem acontecendo a todo tempo? Será que Deus está satisfeito com o processo de exclusão de pessoas por conta da sua cor de pele,orientação sexual e condição social e financeira? Óbvio que não. Fé e política se completam.Se a gente quiser que a fé seja genuína,ela precisa dar respostas à realidade.O Puebla diz: “Os cristãos leigos são homens e mulheres da Igreja no coração do mundo, homens e mulheres do mundo no “coração da Igreja. É um movimento pendular. O mundo vem para a celebração que é consagrada e oferecida a Deus e essa celebração volta para celebrarmos a vida e não a morte, injustiça e hipocrisia. Precisamos dizer não ao aproveitamento por parte dos políticos que utilizam os pobres para se manterem no poder. Fé e política se iluminam para que se possa chegar à verdadeira diginidade da pessoa humana.

 

 

 

ASA-O senhor assumiu a presidência da Ação Social Arquidiocesana de Salvador. Como o senhor enxerga a importância da instituição para a área social da Igreja Católica

Pe José Carlos- Além de atual Presidente, eu também fundei a instituição. Quando pensamos na ASA, lá no início dos anos 2000, nós queríamos que ela fosse um guarda-chuva para acolher todas as Pastorais Sociais. E a partir dessa união,poder oferecer apoio espiritual, financeiro e de logística às Pastorais Sociais, chegando nas bases,contribuindo para transformações das pessoas e ajudando no processo de conscientização dos indivíduos. Fazer com que cada pessoa possa viver a sua fé, respeitando a sua dignidade. Oferecer oportunidades para que sejam protagonistas da sua história e não tornem-se objetos de manipulação. Essa é a função da ASA: Agir na bases para resgatar as pessoas para uma vida melhor e façam transformações na sua vida e do meio que vivem

 

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